EX-PALAVRA
Ou a Palavra Fora de Si
"Cordões com seus nomes pendurados
nada vão resolver
dos teus problemas de identificação."
G. Duchamp
Sendo de natureza inútil,
o meu ser transcendente
e redundante inexplica
inutilmente através delas,
as palavras, não sei quais,
não tão inúteis quanto a mim,
posto que sou elas. Delas.
Elas
que me tentam explicar,
ou justificar-me...
Sendo de natureza difícil
encontrar a junção mais
que correta entre palavras,
petulantemente comparo-me
ao lavor laborial de lapidá-las.
Precisando lapidar-me
- por elas que sou eu -
para tornar-me ao menos
visível, compreensível...
já que penso,
- Se pensar for o suficiente... -
que me explicarei por elas,
as palavras, porque é delas
o que se pode cristalizar.
Cristalizar significados
diversos dos que têm...
Se se pode cristalizá-los...
Para mim, poderei
encontrar-me chaves e razões
ou meras significações,
chavões ou talvez definições,
repetições, diversões
diversos dos que de fato
me compõem...
Se é que se me compõem,
se me componho, por elas
que sou eu e que não sou elas.
Se existo, existo por elas, nelas.
Nestes melindres, ardis e chavões
que sou eu e que delas são.
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Poema premiado em 7o lugar no 3o Concurso de Poesia do Sesc - DF, 2004.
Fernando Medeiros é professor de Literatura.
Fernando Medeiros é professor de Literatura.