Úrsula,
de Maria Firmina dos Reis - Resumo capítulo a capítulo.Capítulo 1
Inicia-se por uma
exaustiva descrição da natureza, ambiente por onde vai cavalgando, de manhã, um
mancebo cansado e triste, melancólico, vestindo um capote de algodão. Seu
cavalo, cansado e lento, cai morto e, assim, o mancebo também cai e o cavalo
fica por cima do pé do rapaz.
Um homem à procura
de água, vem cavalgando por ali e encontra o mancebo caído sob o cavalo. O
homem tem 25 anos, e com a “nobreza de um coração bem formado”, escravizado,
negro, muito generoso, “porque Deus o quis infeliz e virtuoso”. O negro, que se
chama Tulio, cuida do mancebo, dando-lhe água, mas ele acorda e dorme outra
vez. Ele levantou-se mas caiu sobre Túlio, neste momento se falaram e o mancebo
lhe reconhece a bondade e a caridade, mas desmaiou de novo de febre, mas assim
mesmo Tulio lhe pede autorização para levá-lo à casa de Luiza B., que é
paralítica e que mora apenas com sua filha (linda). São boas senhoras, segundo
ele.
O mancebo
pergunta-lhe o que Tulio quer por ter-lhe salvado a vida e Tulio pede apenas
reconhecimento por sua atitude. Então, Tulio o leva e, na porta da casa da
velha senhora, ele desmaia profundamente – letargia.
O jovem está
deitado e em delírio profundo: “Eu a amei! Não, não a amei...”
A filha de Luiza B.,
chamada Úrsula, “tão bela, tão caridosa, tanta compaixão lhe inspirava o
sofrimento alheio”, cuidava da mãe e agora dele. Não dormiu nesta noite para
cuidar de ambos, com Tulio à cabeceira dele, que recomeça o delírio: “Adelaide,
Adelaide!”.
Úrsula,
considerando e refletindo o delírio do rapaz, acha que nunca vai amar, quando
ele acorda e conversa com ela, agradecendo-lhe e ela a dizer que não precisa,
não merece ser agradecida e chora e a lágrima, como pérola, cai na mão do
doente, mas ele não viu porque desmaiou outra vez.
O jovem melhora
gradativamente e já fala em partir. Dá dinheiro para Tulio comprar sua
alforria. O mancebo melhora e precisa ir embora e falar com Úrsula, para
despedir-se, agradecer-lhe, mas ela foge dele.
Úrsula, quando amanhecia, saía todos os dias
para conversar com a natureza e com Deus, o que lhe aliviava de sua vida de
cuidadora da mãe e de sua vida vazia.
Uma madrugada, porém, antes de o mancebo
melhorar completamente, de repente, ela sai sozinha como sempre, ele a segue e,
aos pés de um majestoso jatobá, declara a ela amor eterno e ela a ele. Eles
falam na mulher dos delírios, Adelaide, e ele garante a Úrsula que ela passou,
mas que lhe quer contar tudo, sua vida pregressa (o que se dá no capítulo seguinte),
naquela madrugada mesmo.
Começa-lhe a contar
a história. Aparece Adelaide, órfã de mãe e pai, filha de uma prima da mãe do
Mancebo, de quem enfim descobrimos o nome: Tancredo. Adelaide mora na casa dele
porque sua mãe cuida da prima Adelaide por serem parentes próximas. A mãe de
Tancredo está triste, doente, mas fica feliz quando Tancredo volta (no flashback),
quando ele conhece a prima, e o pai abraça-lhe orgulhoso. Tancredo, contando a
Úrsula, diz que deve ter deixado passado algum olhar a Adelaide porque ela
ruborizou ao vê-lo. Ele apenas a viu e adivinhou ter que amá-la. Neste capítulo
aparece o patriarcalismo do pai e a obediência da mãe de Tancredo.
A mãe dele lhe diz
que Adelaide é pobre. Tancredo diz que ela é ambiciosa. A mãe lhe diz que amar
Adelaide vai amargurar-lhe a vida. Ele insiste, a mãe o entende e concorda e
vai falar com o pai, que arrogante, prepotente e sarcástico, humilha a mãe e
nega Adelaide ao filho, Tancredo, que ouve toda a conversa no quarto ao lado.
Choram a negação do
pai, Adelaide diz amar Tancredo, que sai para falar com o pai. Tancredo diz:
“agora” sei que era mentira (porque ele está em flashback). O pai então
lhe concede a permissão, mas pede a condição de esperar um ano, ao que se
Tancredo se opõe, mas acaba aceitando. O pai lhe consegue um trabalho longe e
seu pai ia lhe dizer o que fez e quem era o pai de Adelaide, mas Tancredo o
interrompe e diz não querer saber. A discussão mostra o pai mais calmo, mas
sempre superior e prepotente.
Capítulo 6
Despede-se da mãe,
que pressente ser a última vez que se veem. Ainda em flashback.
Tancredo se lembra
como foi na cidade onde seu pai lhe arrumou uma posição. Quando estava lá,
recebe cartas dos pais e de Adelaide. As da mãe sempre lindas e amorosas; as do
pai sempre secas e breves, e as de Adelaide vão diminuindo em frequência cada
vez mais. Lá nessa cidade, ele adoeceu gravemente e, quando melhorou, foi
transferido para outra cidade, tendo que desistir de ir ver sua mãe e Adelaide.
Ele é transferido ainda outra vez, mas agora de volta à mesma cidade onde
trabalhava anteriormente e quando lá chega, fica sabendo que sua mãe havia
morrido e, por isso, adoece de novo de tristeza.
Quando recuperou-se
um pouco mais, mas ainda estando sofrendo de tristeza e de saudade, foi à sua
casa encontrar Adelaide... mas agora Adelaide estava casada com o pai dele!
Adelaide é impassível mesmo ele lhe falando horrores! O pai dele entra, eles
discutem, o pai respira com dificuldade, passando mal, lhe fala horrores e mais
horrores a Adelaide, amaldiçoando-a.
Termina o capítulo
dizendo a Úrsula que esta é a história dele e ela lhe dá a mão. Fim do flashback.
Como era madrugada
quando Úrsula saiu de casa e encontrou Tancredo e ele lhe conta 4 capítulos,
quando ela volta para casa já é então manhã avançada e a mãe sente sua falta.
Tancredo vem se despedir e Luiza B. vai lhe contar sua história e lhes diz que
ela, Luiza, é irmã de um comendador, o comendador F. de P.
O comendador a
odeia por causa de seu casamento com Paulo B., que era pobre e de uma classe
diferente da dos irmãos Luiza e comendador. Seu marido foi um péssimo marido,
gastando a fortuna de Luiza e lhe sendo infiel. Foi assassinado quando Úrsula
era bebê.
Ao fim dessa
conversa, quando Tancredo diz que quer se casar com Úrsula, Luiza B. desmaia,
mas quando acorda diz que eles são primos, mas mesmo assim o casal ainda se
quer e, apesar de tudo, a senhora os abençoa.
Tulio
se despede de sua mãe de criação, Suzana, que lhe conta como era sua vida antes
de ser escravizada. Este capítulo é muito importante nessa obra porque é o
discurso do ponto de vista de uma escravizada sobre a escravidão. Recomenda-se
a leitura. Suzana abençoa Tulio e lhe diz que ele agora é livre e pode seguir a
vida que quiser.
Tancredo está indo
embora com Tulio, voltando para a cidade onde ele tem trabalho, e Úrsula está
arrasada despedindo-se dele. Ele vai embora e ela vai para a mata se consolar
com a natureza como ela sempre faz. Então aparece um homem, desconhecido para
ela, e armado para caçar. Ela não o reconhece e ele diz que não tenha medo
porque ele é amigo da mãe dela. Ele a chama pelo nome, mas não se apresenta, e
ainda diz ser apaixonado por ela, mas ela lhe é desdenhosa e indiferente
(claro), e tem medo dele. Ele segura-a, ela se desvencilha dele e corre para
casa. Ele então fica esbravejando e praguejando sozinho contra ela e se
apresenta: é o irmão da mãe de Úrsula, o comendador F. de P., Fernando de P., e
ainda a ameaça: ou ela será dela ou ela morrerá!
Úrsula fica
pensando, se lamuriando, incomodada com a presença do tal homem, dorme, sonha,
acorda, vai se deitar no colo da mãe, que está doente. Passa-se um tempinho e
vem uma carta do irmão (o comendador, que Úrsula não sabe quem é), pedindo-lhe
um encontro. Mais um tempinho depois, ele vem sem avisar, Úrsula ouve sua voz e
reconhece o caçador de dias atrás e vai para a mata ficar lá enquanto a mãe
conversa com ele, mas Suzana vem chamá-la porque a mãe está morrendo e quer lhe
dar o último “ósculo”...
Úrsula então volta
para casa e a mãe está morrendo na cama, ela lhe fala que o comendador matou o
pai dela, Paulo B., e que ele foi à cidadezinha próxima buscar o padre para
casá-los, o comendador e Úrsula, que se desespera. A mãe lhe diz que fuja e em
seguida morre. Foi enterrada no cemitério de Santa Cruz.
Úrsula está no
cemitério, chorando sobre a sepultura da mãe. O narrador se refere com muita
ênfase ao estado de tristeza da menina e Tancredo volta com Tulio e a encontra
no cemitério, desmaiada sobre o túmulo. Úrsula acorda e o capítulo acaba com
eles rezando por Luiza B.
Flashback: O
narrador volta à estrada no caminho de Tancredo e Tulio para Santa Cruz.
Fernando está a mais de uma légua distante dos dois e Tulio vem falando sobre
onde nasceu, nas terras de Fernando, como sua mãe foi embora e como e porque
ele ficou com Suzana. Chegaram à casa de Úrsula e, não a encontrando pois
estava no cemitério, Suzana lhes diz onde encontrá-la, então tocaram para lá.
Do cemitério seguem
a um convento, onde pretendem se casar. Ali Tancredo e Úrsula noivam e Tancredo
tem pensamentos sobre a sua futura mulher, idealizando-a ao gosto romântico.
Então o comendador
Fernando vem daquela 1 légua e meia de atraso, voltando com os papéis para
casar-se com Úrsula. Chegando em casa, procura pelo padre, que não está porque
tinha saído para consolar a menina – todos se desencontram. O comendador sai
para buscá-lo e o encontra na estrada, quando o padre lhe diz da morte da irmã
e chegam à casa dela. Úrsula não está, já sabemos, mas Suzana sim e lhe diz que
a menina está no cemitério, como de fato estava. Quando Fernando e o padre
chegam lá, ela já tinha ido embora e já estava no convento com Tancredo.
Fernando com raiva
de Suzana, volta para sua casa e com raiva dela manda que o feitor traga dois
negros para amarrá-la num cavalo, viva, para torturá-la e ela dizer-lhe a
verdade. Ainda, mesmo sendo noite, manda os escravos voltarem para o trabalho.
O feitor se nega a fazer o que ele lhe mandou, se demite e ainda tenta avisar a
Suzana sobre o que a espera, mas ela diz a ele que não vai fugir porque é inocente.
Fernando manda prender Úrsula e está prestes a sair, depois de praguejar e
esbravejar muito e muito contra o padre, que está tentando convencê-lo de não
ir buscar Tancredo, Tulio e Úrsula para matá-los. Em vão, ele está decidido. O
capítulo acaba com Fernando dizendo que o padre é seu prisioneiro e com o padre
xingando Fernando de assassino, mas Fernando está para sair sem lhe dar
atenção.
Tancredo e Úrsula vão se casar (vestida de preto!), mas Tancredo estranha o sumiço de Tulio, que foi raptado por Fernando e estão ambos numa casinha suja e escura com o comendador lhe perguntando sobre Tancredo, mas Tulio não fala nada, claro. Com muito ódio, manda entregarem Tulio a Antero.
Antero (também
escravizado) é o guardião da casa onde está preso Tulio. Antero é alcoólatra e
Tulio enganando-o lhe dá dinheiro para comprar bebida. Ele sai, compra, mas
bebe em casa, fica bêbado e Tulio então foge. No caminho da fuga encontra o
padre, que diz que o casal está na igreja. Tulio corre para lá para salvar e
avisar Tancredo que o comendador quer matar Tancredo e se casar com Úrsula.
Porém, na porta da igreja, antes de falar com Tancredo, é assassinado por
Fernando, que em seguida chega à carruagem dos noivos. Tancredo e Fernando
lutam, mas os capangas do comendador seguram Tancredo e Fernando atira no
rival. Sangrando, Tancredo dá seu primeiro, único e último beijo em Úrsula.
Tancredo morreu.
Fernando e Úrsula
estão em casa. Fernando está péssimo, arrependido de tudo o que fez, cheio de
remorsos, e Úrsula está no quarto delirando, porque enlouqueceu.
Suzana está sendo
enterrada (morreu porque foi torturada) e o padre está falando muita coisa,
algo como “Eu te disse, eu te disse!” para Fernando, arruinado em remorsos. O
padre leva o comendador ao quarto de Úrsula, que está em delírios de loucura e,
repetindo algumas coisas ditas na hora em que Tancredo morreu, morre também...
Fernando vai
interno num seminário, virando noviço e morre segurando um crucifixo, depois de
se arrepender de seus pecados, atormentado pelo que lhe disse o frei que o
acompanhava no seminário: “Você vai para o inferno!”.
Adelaide ficou
viúva, casou de novo e seu segundo marido a desdenhava.
No altar da igreja
há uma lápide onde se lê: “Orai pela pobre Úrsula!”.
Fernando Medeiros é professor de Literatura.